sábado, 6 de junho de 2009

Intervenção no Autismo: Método TEACCH


Treatment and Education of Autistic and Comunication Handicapped Children- TEACCH (Lord & Schopler, 1994) é um programa que foi desenvolvido na Universidade da Carolina do Norte e é utilizado no mundo todo. Esse programa apresenta um ambiente estruturado para facilitar aquisições de habilidades e busca o funcionamento independente dos participantes (Dawson & Osterling, 1997).

O programa segue três princípios básicos: ambiente estruturado, comunicação alternativa e programa educacional individualizado. A intervenção é realizada em pequenos grupos, com professores com conhecimento e prática na intervenção com crianças autistas. Os professores são treinados para atuar de forma generalista intervindo com o objetivo de proporcionar desenvolvimento e reduzir comportamentos desafiadores. O espaço físico da aula é organizado de forma a ter poucos objetos e ser previsível reduzindo a ansiedade das crianças (Osbourn & Scott, 2004, Panerai, Ferrante & Zingale, 2002, Dawson & Osterling 1997). Esses cuidados são importantes para que a criança seja capaz de se concentrar e não se engaje em comportamentos que dificultem seu desenvolvimento e causem sofrimento. Os professores fazem uso de comunicação alternativa com cada criança de acordo com o seu desenvolvimento: fala, sinais, figuras, palavras escritas. As atividades são individualizadas, claras e objetivas propostas de acordo com a capacidade da criança (Panerai, Ferrante & Zingale, 2002). Para estimular a independência a criança tem conhecimento de toda a rotina de como será realizada a aula, da ordem de realização das tarefas, bem como o início e fim das atividades por apoio visual. São utilizados quadrados que sinalizam o início e fim das atividades uma vez que são marcados (Dawson & Osterling, 1997). Cada criança tem sua rotina que fica a vista para que ela esteja ciente do que vai acontecer em cada etapa da aula (Panerai, Ferrante & Zingale, 2002).

A aquisição de habilidades é feita em uma estrutura organizada, previsível, com poucas distrações, em função disso uma vez que a criança conquista determinada habilidade ela é ensinada utilizar em ambientes progressivamente menos estruturados. A criança gradualmente recebe menos apoio dos adultos para realizar as tarefas. O programa tem a característica de promover o desenvolvimento do funcionamento independente e trabalha dentro das possibilidades das crianças (Dawson & Osterling, 1997).

O método TEACCH parece ser mais eficiente do que um tratamento tradicional. Em um estudo comparando um tratamento tradicional (crianças freqüentavam escolas regulares e tinham um professor de apoio conforme a lei italiana) com o TEACCH. Os participantes foram 16 crianças, 8 grupo intervenção, 8 grupo controle, pareadas por gênero idade cronológica e mental. As crianças do grupo experimental e controle foram avaliadas no início e término de um ano através do Vineland Adptative Bahaviour Scale -VABS e Psycoeducationl Profile Revised – PEPR. O PEPR demonstrou as crianças do grupo experimental foram significativamente diferentes e superiores que o grupo controle na imitação, percepção, habilidades motoras amplas, coordenação olho-mão, performance cognitiva. Já os resultados da comparação do pré para o pós teste do VABS demonstrou que apenas as AVD pessoais melhoraram significativamente no grupo experimental. O total das AVDS apresentou melhoras significativas em ambos os grupos controle e experimental. A socialização também foi significativamente diferente e superior no grupo controle (Perenai, Ferrante & Zingale, 2002).

Outro estudo com crianças chinesas também apresentou resultados positivos. O grupo experimental recebeu uma intervenção baseada no TEACCH e demonstrou resultado significativamente diferentes e superiores ao grupo controle após seis meses nos seguintes parâmetros do PEPR: Percepção, motricidade ampla e fina, atividades de vida diária. Foram encontrados resultados significativos e superiores para o grupo experimental quando comparado com grupo controle no funcionamento social adaptativo avaliado através do Hong Kong Based Adptive Behaviour Scales (HKBABS; Sparrow, Balla, & Cicchetti, 1984). A comparação do grupo experimental no pré para o pós teste demonstrou diferenças significativas e positivas na imitação, percepção, habilidades motoras amplas e finas, coordenação olho-mão, performance cognitiva e verbal, escores do PEPR, Merril Palmer escores brutos e idade mental, comunicação, AVDs, socialização e habilidades motoras. O único parâmetro que não sofreu mudanças significativas foi o HKBABS. No grupo controle houve diferenças significativas positivas do pré para o pós teste escores do PEPR, Merril Palmer escores brutos e idade mental, comunicação, AVDs, socialização, habilidades motoras e HKBABS (Tsang , Shek, Lam, Florence , Tang & Cheung, 2007).

Os estudos demonstram resultados positivos da metodologia TEACCH. É importante considerar as limitações dos estudos e as dificuldades de realizá-los. A maioria dos estudos tem uma amostra pequena isso se dá pela necessidade de parear a amostra por diferentes características das crianças como o QI , gênero. Os estudos com amostras maiores muitas vezes têm dificuldades na seleção do grupo controle. Embora os resultados sejam positivos é muito difícil comparar metodologias afim de investigar qual a mais eficiente. A metodologia TEACCH é amplamente utilizada com bons resultados e é uma boa opção de tratamento entre tantas outras.
Concluindo as intervenções devem ser centradas nas potencialidades e necessidades de cada criança respeitando sua individualidade. Os pais são importantes aliados para o sucesso da intervenção, portanto é fundamental não apenas informa-los, mas instrumentaliza-los para potencializar o desenvolvimento da criança. As abordagens múltiplas e o trabalho em equipe são benéficas para o desenvolvimento da criança.

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